sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

AMANDA CAROLINE


“Preciosa é à vista do SENHOR a morte dos seus santos”. Salmos 116:15

*11/11/1991 +19/06/2005

Embora tenhamos esta certeza é sempre difícil lidar com o fato.
Como superar a dor de perder alguém que se ama muito? Como superar a realidade de saber que durante o resto dos dias que vivermos na terra não veremos aquela pessoa perto de nós? Bem, é algo difícil de entender, mas para Deus nada é impossível.
A dor da perda de um ante querido sempre é acompanhado de muita dor e sofrimento, as vezes nem o tempo consegue amenizar a falta que a pessoa faz entre aqueles que o amavam. A dor pode ser ainda maior quando tal fato acontece através de tragédias. Procuramos de alguma forma amenizar a dor buscando subterfúgios, desculpas, tais como: “Se eu estivesse lá, talvez pudesse ter evitado”, “Se ele tivesse mudado o caminho, talvez não tivesse acontecido isso!, “Se tivesse ouvido o meu conselho!”, “Se tivesse procurado o médico mais cedo” e coisas assim.
Já perdi grandes amigos: Renê, Jeferson, Lucineide, Socorro e outros amigos de infância que me fazem muita falta; já perdi pastores: Almir Dias, Rildo Tavares, Leon Reese e outros que deixaram uma lacuna que jamais serão preenchidos. Porém, uma perda que faz muita falta e a toda a minha família, talvez por ser parte da família, tem uma dor maior: A morte da minha sobrinha Amanda Caroline, em 2005, vitima de afogamento em um balneário em Manaus com apenas 14 anos de idade.
Eu estava em Boa Vista quando recebi a noticia, já tinha passado por outras noticias tristes, mas essa doeu muito. Veio um desespero tão grande e um choro compulsivo. O choro das minhas 3 filhas, suas primas, especialmente a Emilly de apenas 5 anos de idade. A notícia chegou com força de tragédia, acompanhada de muitas indagações: porquê a Amanda? para quê, como pode acontecer?
Naquela noite, enquanto viajava a Manaus para participar com muita dor do enterro dela, ficava imaginando o que a minha irmã estava passando junto com o meu pai e meus demais familiares. Ficava imaginando a dor que a Elienai estava passando, a Amanda foi sua primeira filha e nesse momento me perguntava como se mede a dor de uma mãe? Não se mede. É algo que fere, arranha, difícil de entender, de aceitar. Vai contra a lógica de que “os filhos enterrarão seus pais”. A força que se encontra nessas horas é divina. Não há outra.
Sei que as lembranças da Amanda nos trazem tristezas. Há uma ausência morando na casa dos meus pais. Há uma ausência morando no meu coração que cobre de cinzas os espelhos, as vezes sonho como ela seria hoje. Que belos projetos de vida ela tinha.
Ainda me lembro da sua pele branquinha e do carinho especial que meu pai, minhas irmãs, especialmente da minha irmã Eunice, que sempre cuidou dela com imenso carinho!! As vezes ainda sonho muito e o cansaço também me abate, vivo longe, afasto-me de mim, incapaz de olhar o sonho que se desfez. Já andei algumas manhãs, as vezes em lágrimas, o sol queima meus olhos e desfaz toda cor. (Que cor terá a saudade?) Voltei à eterna noite e às lembranças daquela data fatídica, dardos inesperados a sangrar, a sangrar...
Desta tão grande noite, fogem até as felicidades fáceis e me abandonam as palavras, uma a uma, seguindo o caminho de quem nos deixou.
Tenho saudades da Amanda, do seu sorriso inocente, do seu gesto de carinho quando me via: “Tio!!! (era a exclamação dela seguida de um apertado abraço).
Ah! Amanda, você foi tão especial, como podemos esquecer quão emocionante e feliz foi estar ao seu lado! Viveste pouco tempo conosco, ainda me lembro e creio que você contava os minutos para passar suas férias aqui em Boa Vista, era o que você falava quando conversamos pela última vez, (Fico te devendo essa, mas quem é Boa Vista em comparação de estar na eternidade com Deus? Fico feliz por Deus ter nos entregado você para cuidar por tão pouco tempo, mas você foi escolhida nesse mostruário que é a raça humana para ser a nossa sobrinha que alegrou nossas vidas!
Há uma música cantada por Elis Regina que diz:
na vida tudo é meio ermo; só a morte não tem meio termo.
Esse ponto de vista não se aplicava a Amanda que sempre foi de viver em uma doce transparência de alegria e inocencia. Ela estará "em falta" com todos nós, jamais ausente.
Drumond descreve esse meu sentimento com a minha sobrinha Amanda, que repasso aos leitores:
AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava ignorante a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres porque a ausência,
essa ausência assimilada, ninguém a rouba de mim.
(Carlos Drumond de Andrade)

Chorando de saudades, como toda a minha família,
Amanda, sentimos sua ausência!!!